domingo, 13 de abril de 2014

Zürich



Bom, depois de uma viagem de quatro horas e apenas 14,80 euros (graças aos descontos do trem da Alemanha para reservas via internet), cheguei em Zürich (ou Zurique, em português).  Cheguei e fui procurar o hostel, que ficava bem pertinho da estação. Encontrei, mas era 1h da tarde e o check-in começava só às 3h. Então, fui dar uma volta.

Andei um pouquinho pela rua do hostel, que se chamava Niederdorfstrasse, que quer dizer mais ou menos “rua da vila baixa”. Essa informação vai fazer sentido mais pra frente... Bom, o hostel era muito bem localizado, mesmo porque o centrinho de Zürich é bem concentrado: estação, rio Limmat, ruas principais. Fui dar uma volta pelas margens do rio e observar a cidade. 


Minha primeira impressão de lá foi meio a que ficou depois da viagem. Zürich é bonita, segura, organizada e chique. As pessoas são bonitas e as coisas são caras. É uma cidade de compras, tem coisas liiindas pra vender, mas não tem muito pra fazer além de um dia se você não quer gastar. As coisas são caras, mas dá pra achar umas ofertas boas se você olhar bem. Eu não resisti e comprei algumas coisinhas. Por exemplo, comprei uma blusa por 10 francos (mais ou menos 8 euros), e depois achei a mesma blusa em outra loja por 29,90 francos, o triplo do preço. Ou seja, dá pra achar coisa legal e não tão cara, sim!



Uma coisa meio chata é a moeda. Eles usam francos e não euros, então ou você não troca dinheiro e fica escrava do cartão de crédito (com o maldito IOF) ou você troca e é obrigada a gastar tudo lá. As lojas normalmente aceitam euros, mas o troco é em francos, então você não escapa de uma das opções acima de qualquer maneira.

Outra coisa, achei a cidade MUITO internacional. Todos os vendedores falam inglês em algum nível e tem muuuita gente falando inglês nas ruas, ou seja, muito estrangeiro. Além disso, tem muuuitos brasileiros, o que eu não esperava na verdade. É nessas horas que eu vejo como a Alemanha realmente, por algum motivo, não é um destino muito popular para brasileiros, porque em qualquer lugar encontro mais de nós do que lá. Exceto Malta, mas essa história é velha.

Bom, achando que eu não ia gastar, eu levei um monte de porcariada pra comer na bolsa e, realmente não tive que comprar comida. Mas não esperava pelas tentações das compras... Gente, sou pobre agora, tenho que resistir. Mas acho que fui bem, gastei uns 60-70 euros, vai... 

No final do rio tem o lago de Zürich. Sentei lá na margem pra comer algumas das minhas porcarias e ficar olhando o movimento. Eles plantaram várias flores coloridas pelas margens e vários patos e cisnes estavam nadando, então estava muito lindo.




Depois de lá, voltei pela Niederdorfstrasse para fazer o check-in no hostel. A ruazinha era uma delícia. É uma rua de pedestres cheia de barzinhos e lojas, e bem movimentada. Adorei a localização. Tinha até um restaurantezinho brasileiro chamado Little Brazil.

 

O hostel, City Backpackers Hostel Biber, também era uma graça. Fiquei num quarto feminino de seis camas, tive sorte que naquele dia eles estavam trocando todos os colchões e peguei uma cama novinha. O atendimento também era ótimo e, claro, encontrei dois brasileiros na recepção. Deixei umas coisas lá e fui dar mais uma volta.

Fiquei andando pelo centro e fui ver uma ruazinha chamada Neumarkt, que vi na internet que era tipo a rua dos intelectuais de Zürich. Achei que podia ser tipo uma Montmartre de lá e fui conferir, mas nada mais era do que uma ruazinha bonitinha, mas pequenininha e sem nada muito chocante. Bom, mas valeu a pena porque era bem pertinho do hostel.




Achei interessante olhar as vitrines de Zürich. Tinha umas bem criativas e outras bem bizarras. A cidade tem várias lojas meio alternativas também. Também vi umas coisas bem legais, tipo uma livraria só de livros em inglês (pra ver quanto estrangeiro tem por lá) e uma espécie de Fnac só de música e instrumentos musicais.
Também achei uma “Schuhmacheria”, que nada mais é do que uma sapataria, mas gostei do nome =) . Também vi um gato de rua de Zürich (Zuriquenho? Zuriquiano?), e, como todos de lá, ele também era limpinho, pomposo e bem alimentado hahahah.














Interessante que vários barzinhos tem as cadeiras com umas peles. Foi a primeira vez que vi.


Depois fui andar na rua mais conhecida da cidade, a Bahnhofstrasse, que, como o nome diz, fica ao lado da estação de trem. É também a rua de compras chiques da cidade. O bom é que tem menos risco de me fazer gastar dinheiro, né? Mas o comecinho dela tem lojas mais para meros mortais. 


É lá também que ficam várias das chocolaterias famosas de Zürich. A mais conhecida dela é a Sprüngli. Eu entrei, mas acabei não comprando nada, porque tudo era muito caro e eu queria comprar uma caixinha de macarons da Ladurée, que já são caros, então resolvi me controlar. 




Quando eram quase 19h (aqui está claro até as 20h mais ou menos agora), voltei para o hostel porque não gosto de ficar fora à noite quando viajo sozinha. Só que eu não tinha levado meu computador e fiquei pensando que diabos eu ia fazer por cerca de cinco horas até ter vontade de dormir. Eu tinha um livro, mas eu não estava empolgada a ponto de lê-lo por cinco horas seguidas (Razão e Sensibilidade da Jane Austen. Apesar de que, agora que comecei, tô gostando e acho q encararia, viu? Se bem que eu provavelmente terminaria de lê-lo em cinco horas...). Maaas, por uma feliz coincidência, quando cheguei no quarto outra menina chegou e ela era muuuito legal. Começamos a conversar, daí chegou a amiga dela (elas estavam em duas), que também era legal. Bom, simplesmente ficamos conversando das 19h às 23h da noite,  o que resolveu meu problema de nada pra fazer. Uma delas era inglesa de origem paquistanesa e a outra americana. Falamos de viagens, ela contou do Paquistão, contamos causos, falamos besteira, demos risada, enfim, foi muito legal encontrá-las. Perto da hora de dormir, chegaram as outras duas do nosso quarto, duas americanas que eu não fui com a cara. Principalmente de uma oriental que tinha cara de quem cheirou peido e ficava dando risadinhas internas talvez rindo de nós, sei lá. Como o assunto não rendeu mais quando as metidinhas chegaram, fomos dormir.

No dia seguinte, me despedi das meninas, fiz check-out e saí umas 10h para as últimas horas em Zürich. Meu trem era às 15h e eu já tinha visto todo o centro. Então, resolvi visitar a sede da FIFA, que era na puta que pariu de Zürich, lá no canto do mapa. Mas eu tinha tempo e nada pra fazer. E, pelo mapa, o caminho era praticamente um retão por uma rua que se chamava Zürichbergstrasse, o que quer dizer mais ou menos “rua da montanha de Zürich”. Foi caminhando para a FIFA que eu descobri que as ruas de Zürich têm nomes que fazem muito sentido! Então vocês imaginam o que aconteceu: eu saí da “rua da vila baixa” e fui até o canto do mapa pela “rua da montanha de Zürich”. Sim, uma subida interminááável!!! Foi mais ou menos uma hora de subidÃO. Mas eu fui mega lerda e parei várias vezes pra beber água. Foi horrível ver várias velhinhas me ultrapassando, mas tudo bem, a terceira idade da Europa é beeem ativa realmente. E a rua era linda! Toda verde, cheia de flores por causa da primavera. E pelo menos a volta ia ser bem fácil.



 
Chegando na FIFA, encontrei dois ônibus de excursão da Mary Kay. Adivinha de onde? Brasil! Fala sério, as pessoas da minha antiga empresa se matando de trabalhar pra ir todo ano pra Bahia enquanto a Mary Kay vai pra Suíça... tsc tsc. Bom, foi bom que eles estavam indo embora, então deu tempo de eu perguntar umas coisas de como funcionava, mas eles não iam ficar pra estragar minhas fotos hehe. Primeiro fui ver o jardim. Tinha um monumento que parecia de madeira, de jogadores, bem legal.


Também tinha um jardinzinho cheio de flores em volta de uma escadaria com o nome de cada país em um degrau. E também um campo de futebol! Eu nunca tinha parado pra pensar, mas eu nunca tinha pisado num campo de futebol (arquibancada não vale), então tirei várias fotos também. 




Depois entrei e dei uma olhada no saguão, que era só o que turistas podiam fazer. Mas foi legal mesmo assim. Eles têm uma réplica da taça da Copa, os cartazes das copas desde a primeira em mil novecentos e bolinha, e também as bolas oficias das últimas copas.








Tirei fotos, porque eu lembrava bem da bola bonita da Copa da Alemanha e da famosa Jabulani da África. E também vi a “Brazuca” do Brasil, que eu nem tinha visto e nem sabia o nome. Comprei um chaveirinho oficial e fui embora descer a montanha de Zürich. Que bom que o tempo estava bom. E a volta foi uma delícia!



Depois disso, voltei pra Bahnhofstrasse comprar meus macarons e passar numa chocolateria suíça pra gastar os 7 francos que me sobraram (acabei comprando coisas em euro e pegando troco). Comprei aquelas barras rústicas de chocolate que você paga pelo peso, sabe? Peguei um pedacinho de chocolate com macadâmia, um de chocolate com confete e um que chamava Florentiner, tipo aquele Cresta da Lindt, com uns amendoins caramelados. Todos muito bons... Surpreendentemente, acho que o de confete foi o meu preferido. Enfim...
 

Voltei para a estação e tive que esperar duas horas pelo trem ainda. Fiquei olhando um pouco o movimento e depois fui caminhar no andar de baixo e descobri que ela é ENORME no subsolo, tipo um shopping center. Mas como faltava menos de meia hora para o meu trem, fiquei com medo de me perder (sério, é GRANDE) e voltei. Também não queria gastar mais. 

Bom, de Suíça é isso! E, para terminar, vou deixar desejar uma boa Páscoa ao estilo suíço pra vocês!


terça-feira, 8 de abril de 2014

Flein e os vinhos alemães

Ansiosíssima para minha viagenzinha para a Suíça amanhã, resolvi postar. E também bravíssima porque algum dos meus novos roommates é um folgado do caramba que fica pegando minhas coisas e sumindo com elas. Minha pasta de dentes foi parar dentro de uma sacolinha xis e meu sal sumiu! Que raiva, não tenho sossego por aqui!

Mas então, vamos ao que interessa. Semana passada tive a oportunidade de visitar uma vinícola alemã. A região aqui do estado de Baden-Württemberg é uma das mais fortes na produção de vinhos do país, e Heilbronn, especificamente, também é. Os alunos novos iam fazer uma excursãozinha grátis por uma vinícola aqui perto e a coordenadora do curso me convidou para ir também. Fui! Mas infelizmente, como foi de última hora, não estava com a máquina para tirar fotos...

Depois de almoçar com eles, pegamos o ônibus e fomos para Flein, um distrito/vila de Heilbronn, bem tradicional na produção de vinho. Interessante que o ônibus é o mesmo que eu pego diariamente para ir para o centro e para a faculdade, e eu nem sabia que tinha um lugar desses a algumas paradas de distância da minha casa.

Chegamos lá, uma moça chamada Anke, nossa guia, estava nos esperando na estação. Primeiro fomos andar na plantação de uvas. Como acabamos de sair do inverno, só vimos os galhos e um ou outro brotinho. É legal que aqui na Europa a primavera realmente tem flores, e tinham várias pelo caminho. Pena que não pude fotografar.

Interessante ela explicando que pela lei desta região, ao contrário de outras onde o filho mais velho herda a vinícola do pai, a vinícola é distribuída pelos herdeiros. Ou seja, a cada geração, os produtores vão ficando com menos terra e hoje em dia alguns deles têm apenas três ou quatro carreirinhas de uva. Mesmo assim, eles vão lá e cuidam da plantação, como um hobby tradicional da família. Dá pra ver a diferença entre um e outro na forma como eles demarcam o território, prendem os galhos no arame, limpam o terreno, etc. Assim, a Anke ia nos mostrando as várias formas de se cuidar da plantação de uvas, das mais "sofisticadas" às mais "preguiçosas". Entre aspas porque mesmo os mais sofisticados eram de certa forma simples. É legal ver tantos pequenos produtores cuidando das uvas como hobby e, quando você olha para o todo, vê uma área gigantesca de plantação. Bem diferente do que muitas vezes vemos em produções de grandes empresas, em escala industrial "desalmada". Enfim, para ter uma ideia, ela falou que existiam quase 2000 produtores naquela vinícola, e destes menos de 100 viviam das uvas (não lembro exatamente os números).

Fomos andando pelo terreno enquanto ela nos explicava e, em algumas paradas estratégicas com umas mini-casinhas que faziam sombra, ela deixava tipo umas cestinhas de piquenique com os vinhos para degustação. Muito fofas as cestinhas com as toalhinhas xadrez. Fizemos duas paradas. Como estava um calor do cão, ela deixou os vinhos mais leves, água, e suco de uva natural (maravilhooooso!!!), tudo em garrafinhas térmicas pra manter gelado. Ela também deixou um bolo que ela mesma tinha feito naquela manhã. Tudo muito fofo! Na primeira parada, começamos com um espumante e depois experimentamos o suco. Lá tinha também o bolo. Na segunda, tomamos um vinho branco e novamente o suco. Nesta, ela deixou Brezels (pretzel alemão), que eu não comi porque eu não gosto e estava lotada de comida, mas mesmo assim, fofo!

Depois disso, fomos até a cooperativa onde o vinho é fabricado. Ali tinha todo aquele esquema que a gente vê em qualquer visita dessas. Não pude deixar de comparar com as diversas visitas que fiz a vinícolas na Itália. Apesar da qualidade e da limpeza impecáveis, na Alemanha, pelo menos neste lugar, existe uma preocupação menor com o status do vinho. Além disso, eles não produziam nesta cooperativa nenhum vinho exótico que tivesse grandes padrões diferenciados, como o Chianti Clássico que vi na Toscana. Ela nos disse que a Alemanha tem um consumo altíssimo de vinho e a produção interna não é suficiente para atendê-lo. Ou seja, tudo o que é produzido é consumido e pouquíssimo é exportado. E eles ainda têm que importar muito. Ou seja, acho que eles não precisam de muita frescurite pra vender. (Ok, esta é a visão de uma pessoa leiga em vinhos e extremamente racional, hehe, desculpem.) Além disso, usando um pouco de estereótipos, que podem fazer sentido pra vocês ou não, a imagem do alemão é muito mais ligada à eficiência e à técnica de produção de um carro, por exemplo, do que à sofisticação de seus vinhos, como seria a de um francês ou de um italiano. Enfim, de qualquer modo, neste número está pelo menos um dos grandes motivos de a Alemanha não ser muito associada internacionalmente a vinhos, pelo menos para leigos como eu.

MAAAS tenho que dizer que, independentemente de status ou fama, adorei os vinhos de Flein! Principalmente os brancos. E o suco... Sem comentários!

Então, lá dentro também experimentamos um dos vinhos tintos deles (estava muito calor para tomar lá fora, pois ele é mais forte) e fizemos um joguinho de adivinhar os cheiros de algumas coisas que dão aroma ao vinho.  Depois fomos para a lojinha e eu comprei um suco para mim. Só 2,49 euros a garrafa de 700 ml do melhor suco de uva ever! Além de pegar um ovinho de chocolate de cortesia por causa da Páscoa. Fofo again! Depois disso, voltamos para casa.

Bom, é isso. Logo logo volto para postar sobre minha viagem para Zürich (Zurique). Até mais!