terça-feira, 8 de abril de 2014

Flein e os vinhos alemães

Ansiosíssima para minha viagenzinha para a Suíça amanhã, resolvi postar. E também bravíssima porque algum dos meus novos roommates é um folgado do caramba que fica pegando minhas coisas e sumindo com elas. Minha pasta de dentes foi parar dentro de uma sacolinha xis e meu sal sumiu! Que raiva, não tenho sossego por aqui!

Mas então, vamos ao que interessa. Semana passada tive a oportunidade de visitar uma vinícola alemã. A região aqui do estado de Baden-Württemberg é uma das mais fortes na produção de vinhos do país, e Heilbronn, especificamente, também é. Os alunos novos iam fazer uma excursãozinha grátis por uma vinícola aqui perto e a coordenadora do curso me convidou para ir também. Fui! Mas infelizmente, como foi de última hora, não estava com a máquina para tirar fotos...

Depois de almoçar com eles, pegamos o ônibus e fomos para Flein, um distrito/vila de Heilbronn, bem tradicional na produção de vinho. Interessante que o ônibus é o mesmo que eu pego diariamente para ir para o centro e para a faculdade, e eu nem sabia que tinha um lugar desses a algumas paradas de distância da minha casa.

Chegamos lá, uma moça chamada Anke, nossa guia, estava nos esperando na estação. Primeiro fomos andar na plantação de uvas. Como acabamos de sair do inverno, só vimos os galhos e um ou outro brotinho. É legal que aqui na Europa a primavera realmente tem flores, e tinham várias pelo caminho. Pena que não pude fotografar.

Interessante ela explicando que pela lei desta região, ao contrário de outras onde o filho mais velho herda a vinícola do pai, a vinícola é distribuída pelos herdeiros. Ou seja, a cada geração, os produtores vão ficando com menos terra e hoje em dia alguns deles têm apenas três ou quatro carreirinhas de uva. Mesmo assim, eles vão lá e cuidam da plantação, como um hobby tradicional da família. Dá pra ver a diferença entre um e outro na forma como eles demarcam o território, prendem os galhos no arame, limpam o terreno, etc. Assim, a Anke ia nos mostrando as várias formas de se cuidar da plantação de uvas, das mais "sofisticadas" às mais "preguiçosas". Entre aspas porque mesmo os mais sofisticados eram de certa forma simples. É legal ver tantos pequenos produtores cuidando das uvas como hobby e, quando você olha para o todo, vê uma área gigantesca de plantação. Bem diferente do que muitas vezes vemos em produções de grandes empresas, em escala industrial "desalmada". Enfim, para ter uma ideia, ela falou que existiam quase 2000 produtores naquela vinícola, e destes menos de 100 viviam das uvas (não lembro exatamente os números).

Fomos andando pelo terreno enquanto ela nos explicava e, em algumas paradas estratégicas com umas mini-casinhas que faziam sombra, ela deixava tipo umas cestinhas de piquenique com os vinhos para degustação. Muito fofas as cestinhas com as toalhinhas xadrez. Fizemos duas paradas. Como estava um calor do cão, ela deixou os vinhos mais leves, água, e suco de uva natural (maravilhooooso!!!), tudo em garrafinhas térmicas pra manter gelado. Ela também deixou um bolo que ela mesma tinha feito naquela manhã. Tudo muito fofo! Na primeira parada, começamos com um espumante e depois experimentamos o suco. Lá tinha também o bolo. Na segunda, tomamos um vinho branco e novamente o suco. Nesta, ela deixou Brezels (pretzel alemão), que eu não comi porque eu não gosto e estava lotada de comida, mas mesmo assim, fofo!

Depois disso, fomos até a cooperativa onde o vinho é fabricado. Ali tinha todo aquele esquema que a gente vê em qualquer visita dessas. Não pude deixar de comparar com as diversas visitas que fiz a vinícolas na Itália. Apesar da qualidade e da limpeza impecáveis, na Alemanha, pelo menos neste lugar, existe uma preocupação menor com o status do vinho. Além disso, eles não produziam nesta cooperativa nenhum vinho exótico que tivesse grandes padrões diferenciados, como o Chianti Clássico que vi na Toscana. Ela nos disse que a Alemanha tem um consumo altíssimo de vinho e a produção interna não é suficiente para atendê-lo. Ou seja, tudo o que é produzido é consumido e pouquíssimo é exportado. E eles ainda têm que importar muito. Ou seja, acho que eles não precisam de muita frescurite pra vender. (Ok, esta é a visão de uma pessoa leiga em vinhos e extremamente racional, hehe, desculpem.) Além disso, usando um pouco de estereótipos, que podem fazer sentido pra vocês ou não, a imagem do alemão é muito mais ligada à eficiência e à técnica de produção de um carro, por exemplo, do que à sofisticação de seus vinhos, como seria a de um francês ou de um italiano. Enfim, de qualquer modo, neste número está pelo menos um dos grandes motivos de a Alemanha não ser muito associada internacionalmente a vinhos, pelo menos para leigos como eu.

MAAAS tenho que dizer que, independentemente de status ou fama, adorei os vinhos de Flein! Principalmente os brancos. E o suco... Sem comentários!

Então, lá dentro também experimentamos um dos vinhos tintos deles (estava muito calor para tomar lá fora, pois ele é mais forte) e fizemos um joguinho de adivinhar os cheiros de algumas coisas que dão aroma ao vinho.  Depois fomos para a lojinha e eu comprei um suco para mim. Só 2,49 euros a garrafa de 700 ml do melhor suco de uva ever! Além de pegar um ovinho de chocolate de cortesia por causa da Páscoa. Fofo again! Depois disso, voltamos para casa.

Bom, é isso. Logo logo volto para postar sobre minha viagem para Zürich (Zurique). Até mais!


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