A Rotina - Faculdade

Bom, depois de quase dois meses morando em Heilbronn, posso dizer que já estou começando a viver uma certa rotina. Vou falar sobre ela dividindo os assuntos, pra não ficar com um post tão grande hehe.

Na faculdade tenho várias matérias, todas voltadas para o cenário internacional ou intercultural. Cada uma tem uma hora e meia de duração. Na segunda-feira tenho aula de International Finance (e apesar do professor ser muito bom eu fico muito tensa nas aulas dele, porque eu sou ruim em finanças e ele faz perguntas e aponta pra alguém responder. Eu odeio. Sorte que ele não vai muito pra mim, talvez porque eu nunca olho pra ele quando ele começa a perguntar hehe) e International Strategic Management (com uma professora que tem um sotaque macho meio irritante. Apesar de o tema ser interessante, ela vive dando mini-cases na aula e eu odeio essas tarefinhas). Enfim, segunda é meio chato.

Nas terças, tenho três horas de International Management, que é um tema bem interessante. Mas mais interessante que o tema é a professora que dá essa aula, a Mrs. Hayduk. Ela é muito estranha, para começar pelas roupas. Na primeira aula, ela apareceu com um traje meio colegial anos 60, com uma blusinha engomada por baixo e uns broches. Todo mundo comentou. Além disso, ela fala de um jeito muito irritante. Imagine que ela precisa falar “a menina é bonita”. Ela fala “a ah hmmmm menina é... menina, a menina é hmmm... é hmmm é bonita, a menina é é é bonita, bonita”. Aguentar três horas disso é meio difícil às vezes. Os alemães são conhecidos por serem diretos, e na primeira entrevista de avaliação do curso eles falaram na cara dura que “não gostam do jeito que ela fala, que é chato e repetitivo”. Ok. Aliás, ela é ucraniana e não alemã.

Quarta-feira: aula de Contabilidade Internacional (o professor é um amor! Ele sabe que todo mundo não gosta e/ou não entende a matéria dele e ele explica super bem e devagar), International Economics (com o mesmo professor de finanças, boa, mas tensa), e Business Simulation. Essa merece detalhes. Essa aula é, na verdade, um jogo de empresas, a sala foi dividida em seis grupos, e toda semana temos que enviar nossas decisões num mundo empresarial simulado pra ele rodar o programa e ver quem se dá melhor. Meu grupo sou eu, a irlandesa, a chinesa, o equatoriano e o alemão/italiano. Nessa aula, na verdade, normalmente não temos “aula”. Temos só que nos encontrar com o grupo e enviar as decisões até a data limite. Mas dá um trabalho do cão, e cada semana vai aumentando a complexidade. Na última, tivemos que nos encontrar três dias para terminar tudo. Ou seja, essa matéria acaba com nosso tempo livre. Enfim, mas uma coisa engraçada foi que, antes da primeira rodada pra valer, o professor deixou a gente fazer uma rodada-teste, não valendo nota. Quando saiu o resultado, a nossa empresa tava falida. Em uma rodada só. Nos deu um pânico total. E todo mundo vinha nos perguntar que diabos a gente tinha feito pra conseguir falir a empresa. Quando olhamos com detalhe percebemos que em vez de pedir pra produzir 30.000 unidades do produto, pedimos 30, e obviamente, fomos à falência. Melhor que isso foi que, depois da rodada-teste, tivemos que montar uma apresentação com as “lições aprendidas”. Enquanto todos os grupos apresentavam coisas interessantes, nossa apresentação foi um print screen do nosso formulário de decisões com o erro e que “temos que prestar atenção no que escrevemos no formulário” hehe. Todo mundo deu risada na apresentação, inclusive o professor. E nós sorteamos quem do grupo seria o “sortudo” a falar (foi a chinesa, graças a Deus), enquanto nós outros ficamos com cara de tacho no fundo, tentando não rir. Outro grupo fez uma análise dos concorrentes e classificou a nossa companhia como “estranha” hehe. Mas nas rodadas pra valer, ironicamente, estamos em segundo lugar, enquanto uma companhia já faliu e outra parece que vai falir essa semana. 

Na quinta-feira, temos aula de International Marketing (que acho que é a minha preferida, o professor é muito bom), e três horas de Intercultural Communication, com um professor que é um amor, mas falta muito é me parece meio “superficial”, apesar de interessante. No geral, é um dia legal. De sexta temos International Human Resources, que eu gosto também e é bem tranquilinha, pré-fim de semana. 

Sobre a turma, temos algumas aulas só com a turma do Master de International Business (que é o meu) e outras junto com o Master de Turismo. A turma de International Business é bem pequena, somos 16 pessoas, se não me engano, e a maioria morou e estudou na Alemanha por muito tempo. Eu, a irlandesa e o equatoriano somos os “estrangeiros” da turma, apesar de o equatoriano já morar há 5 anos aqui na Alemanha. Daí tem a turminha dos German Boys, que não são todos alemães, mas moram aqui faz séculos e fizeram o bacharelado na faculdade aqui de Heilbronn, então são veteranos. Eles são bem simpáticos, desde o começo faziam algum esforço para fazer amizade com a gente. Só me irrita um pouco um dos alemães que é um nerdinho meio arrogante, que acha que sabe tudo e vários professores e algumas meninas ficam puxando o saco dele. Não coloco nomes no blog para não ter perigo de ser encontrado, enfim. Vou me referir a ele como o “alemãozinho nerd”, no diminutivo porque ele é magrelo. Além disso tem o alemão/italiano (do meu grupo de Simulation), o alemão/Cazaquistão e o alemão/Bielorrússia (que tem um vozeirão e é o melhor aluno pra apresentações, ele é legal. Foi engraçado um dia que a professora de Strategic Management perguntou um negócio e ele levantou a mão pra falar “tax advantages” e ela começou a rir como louca e disse: “como sex advantages?”, todo mundo deu muuuita risada hahaha). Daí tem a turma das German Girls, que não se misturam muito com a gente, só recentemente começamos a trocar algum diálogo básico. Tem a alemã/francesa da voz fina (que é boazinha), a alemã/francesa gorda (que eu não vou com a cara, ela nunca conversa com a gente e quando chega, SEMPRE fala em alemão, colocando eu e a irlandesa pra fora da conversa), a alemã de óculos (que também é boazinha), a alemã/russa (que eu falei pela primeira vez numa festa e parece ser bem legal) e a alemã/turca (que é um amor, a única que “se mistura” desde o começo). Daí tem um menino que fica no grupo das meninas (o alemão/turco, que nunca falei muito) e uma menina que fica no grupo dos meninos (a alemã/alta, que é super inteligente e simpática).

A turma de turismo é maior e bem mais internacional. Não conheço tão bem eles, mas alguns personagens são: a chinesa (uma das minhas melhores amigas), a tailandesa (eu juro que tenho vontade de aconselhá-la a calar a boca nas aulas de marketing, porque ela quer participar, mas só fala merda. Mas ela é boazinha), a coreana, o da Tunísia (que é o engraçadinho que não faz nada, odeio), o alemão do cabelo comprido (que é meio bizarro, mas bem bonzinho, que foi na festa em Stuttgart), o alemão com cara de espanhol (também da festa), a americana (também da festa, eu gosto dela), a ucraniana (boazinha, mas eu acho ela meio bobinha, paga-pau pro alemãozinho nerd), a alemã séria, a alemã tímida. Enfim, vários personagens. 

Bom, chega de faculdade. No próximo post vou falar sobre o meu apartamento.